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Entre nós, o estranho (Brasil, 2016) – Um retrato da presença ucraniana no sul do Brasil contemporâneo

— Mauro Mendonça Kato, Nyon, abril 2016

O documentário “Entre nós”, do diretor Guto Pasko retrata o dia a dia da cidade de Prudentópolis, no interior do Paraná. O filme é bastante descritivo, entre os rituais religiosos e a rotina agrícola da comunidade, os 83 minutos de duração parecem excessivos.

Infelizmente o filme não aposta nos depoimentos e entrevistas, os momentos de vozes “em off” são parcos. O espectador não chega a perceber como a comunidade enxerga-se a si mesma. Consideram-se mais ucranianos ou brasileiros? Eles fazem uma distinção entre os dois?

No que diz respeito à população “não-ucraniana” (“poloneses”, “caboclos” e “gaúchos” são as expressões utilizadas pela comunidade), como é o relacionamento hoje em dia? Assimilação ou exclusão? Qual é a relação com o Estado (escolas, política, etc.). Todavia existe algum contato com o país natal? Várias questões que não tem respostas, e as pistas são poucas.

Parece evidente que a origem ucraniana tem um papel central na vida da comunidade, as tradições preservam-se de forma notável. As crianças aprendem o ucraniano (escolas públicas ou privadas?), a rádio local passa canções ucranianas e brasileiras.

O único momento de “crítica social” do filme dá-se durante a festa tradicional “Haílka” (festa de Páscoa), onde podemos ver os adolescentes que bebem em abundância e as jovens que dançam de modo vulgar em cima dos carros. Qual será a opinião do diretor? Este comportamento é produto da cultura “brasileira” que contamina a cultura e os valores tradicionais da comunidade? Tendo em conta a presença ubíqua da religião durante todo o filme, não podemos deixar de pensar em uma mensagem “moralizadora”.

Em conclusão, “Entre nós, o estranho” apresenta uma faceta pouco conhecida do Brasil. Que infelizmente peca pela falta de informação ao espectador.

 


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