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Montreux 2015: dois gigantes da música brasileira, Caetano Veloso e Gilberto Gil

— Rodrigo Ruiz Céspedes de ©PuntoLatino —

 

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Um concerto assim, de dois gigantes da música brasileira como Caetano Veloso e Gilberto Gil não é uma coisa rara no Montreaux Jazz Festival. Nos quase 50 anos deste importante festival, artistas como Elis Regina, João Gilberto ou Milton Nascimento, aproveitaram o festival para mostrar um rosto do Brasil musical, a sua mistura de raças, ritmos e harmonias.

E são justamente 50 anos de carreiras musicais que Caetano e Gil comemoram em 2015. Carreiras tão importantes consideradas de maneira independente, como naqueles momentos, discos e concertos nos quais eles colaboraram. O show apresentado em Montreaux, chama-se ‘Dois amigos, um século de música’, e forma parte do seu Tour europeu.

Caetano e Gil foram os líderes do Tropicalismo, um movimento artístico cheio de ambições revolucionárias, que ambicionava incidir diretamente na realidade brasileira, quebrando as fronteiras do meramente musical. Eles tocaram «Tropicalia», a canção que serve de título ao disco homônimo, escrita por Caetano com uma influência clara dos ritmos africanos, misturado com os ventos de jazz norte-americano.

Em 1968, ano no qual eles se conheceram – quando Gil mostrou a Caetano como tocar o violão, e quando Caetano mostrou ao Gil como escrever poesia- estes dois artistas começaram uma irmandade artística que depois os levou mesmo a compartir o caminho do exilio na época do regime militar.

Caetano Veloso e Gilberto Gil são irmãos antigos, revolucionários que a través da sua arte conseguiram fazer com que várias gerações de brasileiros reflitam sobre a injustiça social, o racismo, a pobreza e a violência desse país-continente, Brasil. E conseguiram incomodar o regime de ditadura militar da época, os aprisionando e exilando. Eles abriram o show com a canção «Back in Bahia», escrita por Gil, musicalmente muito influenciada pelos Beatles, durante na época do exilio em Londres. Também tocaram «Terra» escrita por Caetano como uma forma de superar a distância que o separava do seu Brasil, durante o seu exilio na Europa.

Mas, haviam também as canções de amor. «É luxo só» pode ser o exemplo mais bem conseguido desse tipo de música, um hino à mulher brasileira. Veloso e Gil, uma oportunidade de ouro para os fãs da bossa nova e do samba. Um concerto que fica longo tempo no público. Um deleite para os ouvidos e um tônico para o coração.

Montreux, 15.07.2015

 

Montreux Jazz Festival 2015


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